terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Diálogo amoroso

– Permita apaixonar-se por mim.
– Eu não posso...
– Não pode ou não quer?
– Assim, eu não sei...
– Diálogo confuso o nosso.
– Sim, estou confuso, a respeito de tudo.
– Tudo o que?
– Você, meu coração, o que quero.
– E que dúvida há sobre mim?
– Se devo amá-la ou não.
– Ah, mas quando a gente ama...
...não existe dever!
– É certo que não sei o que dizer.
– Ora, ou se ama ou não se ama, simples.
– Talvez goste mais de mim...
...do que eu de você.
– Um soco no estômago?
– Não foi intenção, desculpe-me.
– Então, qual intenção?
– Jamais ia querer ferir seu coração...
– Nada que se explique.
– Eu a amo. Pronto, disse!
– Pronto? Acredito que esteja...
...ficando louco!
– O que você quer de mim?
– Que se apaixone um pouco!
– Como se não houvesse amanhã?
– Pense assim: amanhã não estaremos vivos.
– Eu não posso...
– Não pode o que? Uai!
– Apaixonar-me um pouco...
...quando já me apaixonei demais.

Soneto do amor infindo


Nem acredito como não enxerguei
Era ela desde a primeira vez
E ela me amou como nunca imaginei
Mas não liguei, quanta insensatez!

Entreguei-me naquela noite escura
Ao amor considerado mais puro
Naquela mulher não havia frescura
Porque não ficava em cima do muro

Foi-me o bem-querer que mais bem quis
Sua beleza crua me deixava mudo
Ela era a flor mais bela do meu jardim

E Jasmim encontrava nesse amar o tudo
Terminando cada noite ao meu lado rindo
Olhando-me com brilho de amor infindo

Soneto da lua


Senti-me de repente à noite presa
Olhei para a janela e vi uma grade
Observei a lua, quis sua liberdade
Como ela é linda em sua natureza

Nunca vi algo de tão grão beleza
Suspensa no ar, que imensidade!
Queria dela sua imortalidade
E ter de volta toda minha pureza

Mas as saídas estão fechadas
As estradas, agora, abandonadas
E o ar grita um som funéreo

A dor que sinto, confesso é grave
Do meu coração perdi as chaves
E ela continua sendo o meu mistério

Soneto de você


Apeguei-me numa tristeza repentina
Quando vi, lágrimas inundavam minha retina
Meu coração tinha sido partido, outra vez
Meu sorriso sofrido já não impera sensatez

Eu queria você, só você, mais ninguém
Mas me obrigou viver sozinha, a conhecer
Outros mundos que não fossem você
Você, que me tratou com tanto desdém

Agora já não sei o que espero, se espero
A dor foi tanta que diria que não mais o quero
Mas a verdade é que o amo, sim, eu o amo

E continuo a lhe amar a cada passar de ano
Ainda que eu não quisesse, é meu homem
É por você que durmo chamando o nome.

Soneto da escuridão


Fechei os olhos para não enxergar
E, de olhos cerrados, pude ver o escuro
Imaginei novos sorrisos pelo ar
Ouvi vozes, e um insistente murmúrio

Mas não esperava ver estrelas
E, subitamente, brilhos em meu olhar
Encantaram-me ao ver no céu centelhas
Frágil, pus-me a chorar, como imaginar?

Fechei-me do mundo, e de repente
Deparo-me com grande e tal beleza
Por fim, brota em mim desejo ardente

De revelar o maior segredo da natureza
Oh, mas quem sou, quem sou eu?
Nada no mundo, nem o sonho, é meu.

Soneto do amor eterno


Em tudo ao meu amor darei alento
E ainda que me olhe com espanto
Mostrarei da vida o grande encanto
Nunca lhe serei algum lamento

Se a lágrima cair em vão momento
Secá-la-ei sem piedade
E se ainda sentir uma saudade
Será de leve um formigamento

Minha vontade é de gritar amor!
Amar, seja como for
E ainda que o vento lhe sussurre

– Não lance o amor à própria sorte
Seja infinito enquanto dure
Cantarei: e que dure até a morte!

Soneto da poesia


Voltemos a fazer versos
Como quem deseja explodir de amor
Não tenhamos medo de tanto calor
É preciso ressuscitar sonhos imersos

E estejamos certos
De que o caminho do escritor
Traz no verso a recompensa do sonhador
Ou seríamos nós perversos?

A poesia é a verdade
Nasce do mais íntimo sentimento
Da ardente paixão

E nos deixa a saudade
Quando se esvai no momento
Em que emocionou o coração.

Soneto da decepção


Deparei-me com um homem que não conhecia
Chorei amargamente, da noite até o outro dia
Não reconheci nas fotos aquele que me apaixonei
Meus sonhos se desfizeram e dele me envergonhei

O que será que aconteceu no meio do caminho?
Trocou as tuas pedras por tão baixo vinho
Embebedaste e esqueceste o verdadeiro amor
Oh, para onde ele foi? Dize-me, por favor...

Estou aflita, os meus olhos ainda choram
Meu coração descrê, os anjos a Deus rogam
Para onde vamos quando o céu clarear?

Já não sei o futuro, nem consigo imaginar
Sei é que tens vivido em pura ilusão
E tudo o que fizeste me causou decepção!

Soneto de adeus


Em algum momento quis dizer adeus
Mas com o passar do tempo perdi
Essa vontade louca de acenar pra ti
E resolvi fazer versos pra chamar de teus

Eu sonhei contigo na noite chuvosa
Senti falta do teu abrigo, era chorosa
Queria tua presença, eras ausente
As lágrimas te pediam de presente

Ainda assim raiou o dia soprou o vento
Abri os olhos, como havia passado o tempo?
Eu estava ali desperta e te esperando

Mas não vieste e permaneci sonhando
Oh amor, não me force a esse grito!
Dir-te-ei adeus com o coração partido.

Soneto da imensidão


meu amor não mais se finda
tu és o meu melhor amigo
e Deus me fez sonhar contigo
dizendo-me coisas lindas

eu sonhei que nosso amor
era mais profundo que o mar
e o sol da justiça em esplendor
estava sempre a (nos) iluminar

agora nada mais no mundo
nos separará
Ele nos guia a um porto seguro

e como um sonho puro
a imensidão perdurará
pois é destino do amor amar

Eclipse da lua


aqui dentro, amor
a noite chegou mais cedo
a chuva mofou meu conhecimento
meus livros foram doados ao sebo
eu fiquei tremendo
o escuro trouxe o medo
que falta de calor
o vento trouxe o frio
e, dentro de mim, vazio
eu passei o lápis no meu coração
rabisquei novos versos
para enganar a solidão
tentei desenhar o dia
mas foi em vão
era eclipse da lua
cansei, fiquei exposta
nua.

Sem notas


As folhas caem
envelhecem
As lágrimas caem
umedecem
A face que chora
falece
Meu espírito abatido
perece
Entre milhões e milhões
de pessoas
sinto-me nada
Sem asas
me fiz alada
E ando errante
feito jagunça magoada
Morrer seria o lucro
da minha sina
Nessa vida não há mina
nem gota de alegria
Quero descansar
dessa dor de não ser
Como nada e pó
Quero só e simplesmente
morrer
Voltar às origens
Pois a paz me falta
E aquela bela música
sumiu da pauta...

Era Maria

O nome dela era Maria.
Gostava de andar descalça,
de sentir a grama fria,
de deitar na areia
e molhar os pés no mar.
Gostava de colher flores
pelos jardins da vida,
pegava borboletas para admirar
e depois as soltava no ar.
Ela era feliz,
e sabia,
porque aproveitava as coisas
(mais) simples da vida.
Nunca desperdiçava um dia
sem olhar o céu,
sem contar estrelas
ou dar nome a elas.
Admirava Órion e fingia ouvir trombetas,
de uma pequena nuvem do tamanho de uma mão;
gostava de imaginar
que essa nuvem crescia
e ficava gloriosa,
então, de lá ouvia
sons de harpas e um coro angelical
Sim, Maria gostava
de inventar,
escrever e contar
histórias.
Espalhava sorrisos por onde passava,
pois acreditava que a vida
merecia alegria.
Dentro dela havia
esperança que nunca morria!
Ah, como eu queria...
ter conhecido Maria.

O voo das folhas


O vento não pede licença
Vai empurrando o tempo
Vai esvoaçando meu cabelo
Vai alçando o voo das folhas
O vento não pede licença
Vai estourando as bolhas
Vai tirando o meu chapéu
Vai pondo meu barco ao léu

Rei Cravo


Você, em qualquer lugar
Olhos que se entreolham
Mãos dadas a acariciar

Olhares que se molham
Pensamentos inquietos
Flertes ainda indiretos

Não posso, mas quero
O sonho eu não espero
Você, ilusão de Eros

Não tem graça


A chuva caiu na minha vidraça
A saudade bateu forte em mim
Sentir frio sem você não tem graça
Cobertor aquece, mas não abraça

Mudança


de repente
os ventos mudaram o tempo
ou foi o tempo
que mudou o rumo dos ventos?

11 de Dezembro


11 de Dezembro pra mim é 11 de Setembro
Faz 21 anos que mamãe morreu
21 anos que a princesa adormeceu.

Parei

Hoje é um ótimo dia para parar.

A.


É pecado amar quem já morreu?
Nele encontrei o brilho de Orfeu
Quando disse: Primaveras é seu
E eu senti as lágrimas que verteu
Ao ter que dar à primavera da vida
                                      Adeus.

Visão embaçada


Ela estava enxergando embaçado
E não sabia por quê?!
Ele olhou para os olhos dela,
E disse:
– Flor, muitas lágrimas há!
Ela, então, desabafou:
– Sem amor, não tenho motivos
De continuar
Sem amor não consigo
Parar de chorar...

Hoje?


Os amores que tive
não fazem sentido
mas faz diferença
o amor que vivo

"Isto"


isto me deixa pálida
isto me faz cálida
isto me torna válida
isto, para que?

Como voar?


Como que faz pra ela voar
se a voz magoada
se pôs a chorar
(quase gritar)
e as asas ficaram encharcadas?
a borboleta se despediu da mão
pousou no chão
e sentiu no vento
uma fraca poesia
ao rimar dor com amor
e no chão ficou
e ficou também
um coração...

Vida sem sentido


A vida é um enigma
Que fere ao mais profundo
Traição maligna
Do sorriso mudo

Socialização


Quero não me apaixonar
Hoje virei autista
Vivo num mundo só meu
Estou aqui de turista

Substantivo amor


Dei-lho, mas não o quis
Disse-me que era comum
Vesti-me de dor profunda
Senti-a no peito aguda
Era-me coisa tão linda
Cabia-lhe como agrura?
Repeti-lhe “substantivo”
Queria-o “infinitivo”!

Mar Morto


Eu queria poder falar de amor!
Dizer o que penso, o que sinto,
e tudo o que faz parte de mim...
Mas o mundo, inundado de dor,
não sabe mais o que é o amor...
Desconhece a virtude que se
compadece da dor, que acolhe
aqueles que choram, que aquece
os que têm frio, que alimenta
os que têm fome e dá de beber
aos que têm sede; que simplesmente
colore toda vida sem cor!
O mundo é um Mar Morto,
antes fosse só torto.

Falência


Ainda não compreendo
O que foi que eu fiz
Pra que negues meu beijo
Rejeites meu abraço
Desprezes meu olhar
E ignores minha ausência...
Acaso fiz mal em te amar?
Levar-me-á a falência.

Fiapo


A minha face chora
Tudo está engasgado
E agora já não cora
Meu coração, dilacerado
Maldito!
Amei-te pra quê?
Pano de ingratidão
Fiapo de amor
Tiveras dito
“O amor é ilusão”
Poupar-me-ia dor!

Era de ouro


Hoje eu conquistei meu espaço na linha do tempo
e os pedaços perdidos costurados foram sendo
O sorriso retornou à face de olhar mui sensível
e meus pulmões se preencheram do vento-vida
Nem a fatalidade de estar morrendo me tira alegria
depois da tempestade, o sol nasce em meus dias
Eu nunca fui tão feliz, tão independente de amor
porque aprendi a escrever sem pressa no texto-vida
Como a folha-passado rasgou, aposentei a borracha
É uma nova era, as chuvas roladas secaram do olhar
Eu não espero mais nada senão viver cada instante
na intensidade da vida que me fez ser constante
O céu me privilegiou de bênçãos ditas eternas
amanhã não interessa, hoje cresce a flor-materna

É ela!


Como você pode não me amar
se lhe ofereço tanto amor?
Como pode ainda não me querer
se eu tanto lhe quero?
Vi passar os dias, as horas, o segundo
e conheci a solidão
Ah, você era a melhor coisa do mundo
Por isso não lhe ter
me corta o coração
Ainda não me acostumei
ficar sem você
Os meses vão passando
e eu vou me arrastando
lembrando-me em sonhos
do homem que tanto amei
(e que na verdade ainda amo)
Se foi um dom que Deus me deu
como pode renegar a face bela?
Tudo o que sou é seu
pois sou sua costela
Pena você não ter ouvido
quando Deus disse lá do céu:
É ela!

Off


Quando acaba a dor?
E quando se esvai o amor...
numa rima tão pobre!
          que houvera sido nobre.

Não sei, juro que não sei
Mas, devíamos jurar?
Quando o amor se cala...
          não sei mais nada.

Este poema está tão fraco
Como está meu coração
Já não tenho canção...
          e palavras me fogem das mãos.

Tentar não é o bastante
Sorrir não é suficiente
Oh, tristeza silente...
          no grito da amante!

A beleza do viver


Com suas lágrimas
minha boca umedeceu
mas não importa mais
o que aconteceu

No meu olhar
você pode ver
que ainda quero
estar com você

Vou levá-lo
aqui dentro
a qualquer lugar
quero viajar

Bate no meu peito
essa vontade louca
de com você estar

Vou levá-lo pra sempre
no coração
Vou levá-lo pra sempre
na minha canção

No meu acreditar
a beleza do viver
é com você estar

Adeus, Jasmim!


Caiu a chuva
Caiu a lágrima
Pétala caída
Mutilou-se a flor
Intensa dor
Acabou-se o amor?
Amar não sei
Sei nada sobre o mar
O fundo é sombrio
Vento frio
Calafrio eu sinto
Dentro do meu eu partido
Chamado peito
Afrouxou-se a perna
Quebrou o caule
Caí de mim
Perdi o sonho
Perdi meu nome
Adeus, Jasmim!

Viagem


As luzes do carro iluminam a cidade
O ontem e o hoje só deixam saudade
E eu vou embora com essa miragem
Levando meus sonhos em qualquer paragem

Não quero pensar nas coisas que passaram
Quero sentir que a tristeza e dor terminaram
Riscar meu caderno, escrever novos ares
Sentar numa esquina, conhecer outros lares

Essa camaradagem me faz sorrir
E o sol sobre todos quero descobrir
Ver a lua à noite no céu tão linda
Sentir que a felicidade não mais se finda

Quero hoje meu destino refazer


Deixe-me seguir meu caminho
Deixe-me em paz pra prosseguir
Quero alcançar as estrelas
andar com estes passos
meus
Quero contar os luares
transformar os pesares
em sonhos
Quero descobrir minha vida
apagar meu passado
Nascer lentamente até fazer-me
Pra onde vou só eu que sei
quero esquecer o que passei
E não posso esperar
o tempo passar pra esquecer
Quero hoje meu destino refazer

Adeus


Por tanto tempo esperei
considerei meu coração
Agora posso lhe dizer
“O amor não é culpado”
Foi tão difícil acreditar
no que agora sei
Não espere eu voltar
no virtual lhe amei

Por tudo que acumulei
pra solidificar
Consumiu-se na intenção
evaporou-se um mar
Nada mais fácil que enxergar
essa subtração
Nossa chama se afastou
do fogo da paixão

Digo-lhe adeus
você que me perdeu
Digo-lhe adeus
adeus que é só seu

Oh não... Não espere eu voltar
Eu não volto nunca mais

A vida sem teu olhar


o amor por ti
nasceu dentro de mim
com tanta intensidade
que ao passar dos anos
sinto ainda mais saudade
de ter-te por perto
ainda que fosse em secreto
mas ter-te
a vida sem teu olhar
perde o sentido
meu coração destemido
se fragiliza
os teus olhos é que acalmam
meu comboio de cordas
que pulsa sem parar
e insiste em se apaixonar
que farei eu sem ti?
amo-te há tantos anos
noturnamente te tenho
em minhas lembranças
quero-te eternamente
sem perder a esperança
pois sei
com tal intensidade
ninguém te amará
só eu te amei
(e continuarei amando)

O pequeno príncipe


Não sei de onde você veio
Você simplesmente
Apareceu no meu deserto
Que chorava em secreto
E nesse meu devaneio
Senti-me frágil perante seu olhar
Senti-me outra vez menina
Tentei não me apaixonar
Ao me trazer uma nova rima
E quando vi estava a sorrir
Por que “ir”?
É uma palavra triste
É como um céu sem estrelas
E ainda que o sonho arrisque
Desejará e não poderá tê-las
Fica, pequeno príncipe!
E deixa eu lhe amar?
Você é como a rosa única
Entre milhões e milhões de rosas
Cativamo-nos para sempre
Mas, se tem que voltar
Leva junto minha canção
É tão pequeno o mundo
Que vamos nos reencontrar
Agora segue seu caminho
E quando ouvir as estrelas
Lembre-se de mim sorrindo
Porque no meu coração
A sua imagem irá ficar

Autopsico... grafia?


Toda poesia é verdade
O poeta é mais que domador da escrita
É domador dos sentimentos
Finge o que não existe
E o inexistente passa a existir
Essa racionalização da emoção
Faz-se necessária
Para manter a arte viva
Como grávida que precisa de cesárea
Senão é o poeta que morre
Consumido pela dor real
que por ele percorre...

Fé poética


O sentimentalismo não existe?
Maldito poeta!
O verso é fingido
Então, por que chorei?
Enganada por uma dor de 3 faces
Não quero racionalizar minha emoção!
Falo sobre fé poética
A crença nas verdades que a poesia dita
Uma nova (auto)psicografia
Que traça uma estrada já eleita
Pois não sou ferro
De carne e sangue é do que sou feita
Eu sou toda coração
E é nele que reside
Minha imaginação

Infinita mágoa



confessa-me, amor, por que acaba?
não compreendo
explica-me, como desaparece o amor?
preciso entender o que está me roendo

sem amor o sentido se extraviou
e em dor tudo se tornou
tudo aquilo que se viveu
partido fez o coração, e esse a cor perdeu

diga-me, por que a solidão tem nome?
o vazio que sinto não tem explicação
dói demais o sentido coração
por este amor que desapareceu do homem

não compreendo, se tanto no amor eu cri
como posso aceitar amores que perdi?
já não reconheço os sons, os cheiros, as cores
pois tudo que há em mim são dores


quem a cicatriz profunda apagará?
quem colocará massa na rachadura?
quem a ferida aberta costurará?
quem para dor sem fim achará cura?

dos céus sumiram as estrelas
as nuvens, o sol e a lua
o dia fundiu-se com a noite
senti-me nua na escuridão tão crua

o choro ocupou o lugar do sorriso
da alegria a densa tristeza
já não consigo visualizar o paraíso
sinto-me frágil na humana natureza

indago, como pode acabar o amor?
responda-me, pois haviam me dito que era eterno
mas eterna agora é a lágrima que não se acaba
infinita agora é a mágoa...

A menina e a mulher


quando foi que menina
aprendeu a chorar?
quando foi que a mulher
passou a sorrir?
de fora pra dentro
ela engole
de dentro pra fora
é a poesia que aflora
a dor
a ânsia
o amor
pequenas coisas
tão imensas
coisas pequenas
tão intensas

quando foi que a menina
aprendeu a sofrer?

quando foi que a mulher
passou a viver?
o coração verdadeiro
suporta
qualquer vil atitude
porque amar
é sua maior virtude
hoje
a mulher é tão menina
como
a menina foi tão mulher
então o que tanto anelas?
é o amor
o segredo raro
das coisas mais belas

Pequena cantiga


Meu amado
De olhos cansados
Sempre amarei!

Sua vida
Assim tão sofrida
          Sempre amarei!

Seu cheiro
(louca me tremo)
          Sempre amarei!

Seu desejo
E o suave beijo
          Sempre amarei!

Dou-lhe afeto
E porque me completo
          Sempre amarei!

Par desencontrado


Encontrei no teu sorriso
minha razão
Vislumbrei o Paraíso
ao sonhar te dar a mão
Senti-me como Eva
e tu Adão
Só não te fiz pecar
Eu disse “não” (ao teu olhar)!
Embora tenha quisto dizer “sim”
quando vi nos teus olhos
um amor
que eu não conhecia
Um brilho mais lindo
que todas as estrelas
e ele me dizia:
“quero tê-la, para amar”
E atrás dos óculos tímidos
o verde mais lindo que já vi
Mas a última coisa
que me lembro
(neste ingrato tempo)
é daquele “adeus” no teu suspiro
no sorriso curto dos teus lábios
como quem vai embora
feito um sábio
E eu, como queria tê-lo amado!
Tu foste sem saber
ser meu par desencontrado

Que seja fraqueza


Você foi o meu sonho bonito
a paixão mais linda que eu encontrei
Quem diria que depois de 10 anos
estaria ainda no meu coração
Nosso amor é um mito
mãos desencontradas,
a boca que eu nunca beijei
e à noite eu me lembro da nossa canção
Como eu queria que fosse verdade
Como é ruim ficar na saudade
desse eu e você que nunca foi nós
Você seguiu sua vida por outro caminho
e sem você me senti tão sozinha
Meu amor verdadeiro antes mesmo
de eu conhecer
Que seja fraqueza minha confissão!
Você vai estar aqui pra sempre
nesse canto esquerdo do peito
me lembrando sorrisos
com o gosto ausente da nossa união
Queria tanto você
e será sempre um querer
de um eu sonhador
A vida passou pra nós dois,
menos o amor

Aquilo que não tem perdão


Preciso aprender a perdoar
Já não consigo parar de chorar

Preciso aprender a esquecer
E fazer de todo o Teu querer

Preciso aprender a enxergar
Aquilo que é bom ao Teu olhar

Estende-me, Senhor, Tua mão
E conforta meu frágil coração

Eu preciso do Teu infindo amor
Tende piedade ao tocar a minha dor

Cansei Senhor, da amarga lágrima
Preciso de uma vez virar a página

Tenho que apagar o que passou
E restaurar aquilo que restou

Vem agora, e restitui meu pulsar
Ensina-me como eu devo amar

Sei que ainda um sorriso brotará
Dos lábios que sonham Te louvar

Ao enxergar


Sei que criou as amplidões dos céus
Sei que criou as profundezas do mar
Sei que me formou com os traços do seu olhar
Tudo formou pleno de afeição
E mesmo assim feri Seu coração
Sem compreender a Sua perfeição
Como chorei ao enxergar
Que o que fiz destruiu meu próprio lar

Por meu falhar a pureza se perdeu
E de pesar a essência se encheu
O que sofri não posso ocultar
Sei que só Deus a pode restaurar
Quero de volta o primor de todo encanto
Quero assim que recrie meu sonhar
E nunca mais irei falhar
O Seu amor me transformou

Descoberta


eu descobri uma surpresa
na incerteza da vida
na beleza dos dias
nas noites dormidas

eu descobri o seu sorriso
nas flores abertas
no pão partido
no amor não perdido

eu descobri a sua voz
na chuva que cai
no canto dos pássaros
no balanço dos faróis

eu descobri o seu cheiro
nas flores do canteiro
no orvalho do campo
aqui, no meu travesseiro

Sem vida


Sou um homem sem rosto
Cujas lágrimas caem despercebidas
Mas eu não choro, meu pranto é rouco
Reflexo daquela alma caída
Ela, que era tão triste
Ela, que vivia sozinha
E, dentro dela, uma dor que insiste
Ela, que ainda sobrevive
Pelos cantos da vida
E ainda tenta encontrar um motivo
Mas, antes, felicidade não tinha
Não tinha alegria
Da boca não lhe escapava um sorriso
Como encontrar a razão?
O dinheiro é tão escasso
Perdi o sapato, só ando descalço
Sou um homem sem pé
Sem quintal pra plantar
Meu pé de feijão
Não sobrou nem pra comprar o pão
Como dizer àqueles olhinhos
(que esperam tanto de mim)
Que não tenho nada nas mãos?
Elas estão vazias, como os meus sonhos
Sou um homem sem mão
Esperança feita bolha de sabão
Meu amor se esvai...
E já meu coração
não palpita mais.

Apenas um


– Menina-flor,
por que estes olhinhos tristes?
Por que choras assim?
Olha-te no espelho...
que linda mulher te tornou!
– Tornei-me?
Então, por que ele não olha pra mim?
O que será do meu amor sem a vida?
– Oh, princesa ferida...
Tens tantos príncipes,
por que te importas tanto com apenas um?
– A dor escureceu meu sol...
– Minha flor,
não se iluda,
a vida dele se pronuncia em espanhol.

Eu te amo ó Deus


Acordei
Depois de um lindo sonho
com meu Salvador
Acordei
Depois de compreender
O plano da redenção
Deu-me perdão
Sem eu merecer
E eu chorei
Por enxergar meu ser
Eu me entreguei
Em Tuas mãos
Para cuidar
Meu coração
Ainda sou uma menina
Vem me cuidar
Me proteger
Vem restaurar
Meu frágil ser
Eu te amo ó Deus
Sempre amei
E amarei
Até o findar
Dos dias que me deu.

Quem me dera


Quem me dera
ser pintura em tuas paredes
ser a voz amada dos teus poemas
da natureza todo o verde

Quem me dera
ouvir o canto de teu peito
ao entardecer
sentir o teu amor fluir em mim
como quem cheirou
flor de Jasmim

Quem me dera
ver estrelas em teu céu
e pegar em tuas mãos
deitar
deixar cair o véu

Quem me dera
passar tempos contigo
confidenciar-te meus segredos
ter-te meu melhor amigo
e um amor
mais profundo que o mar

Quem me dera
e não custa sonhar...

Oh Deus


Exaltar-te-ei, oh Deus!
Um puro canto no Seu jardim
Há ali as flores mais belas
E são de Ti todas elas

Exaltar-te-ei, oh Deus!
Um canto de amor por mim
O sonho já não porfia
Não há mais noite, só dia

Exaltar-te-ei, oh Deus!
Um canto de vida sem fim
Pela luz que reina
Nessa natureza edênica

Exaltar-te-ei, oh Deus!
Um cântico de alegria, sim!
É tão perfumado Teu Jasmim
Como eu sou feliz!

As Três Flores


flores do bem
só não me deixe a saudade
porque amarela é a idade
que vai e não vem

flores do bem
qual a cor da realidade
pintada num céu verdade
do azul que você tem

flores do bem
como é belo teu sol ao nascer
faz-se, assim, branco o meu querer
e brilha em mim o sonho também

Não basta só viver


Quero um motivo
pra sorrir
Não basta só viver
Às vezes é melhor
não existir
Poupar a alma de sofrer
Se sentisse a dor
aqui dentro de mim
Compreenderia o meu
vazio sem fim
Estende-me a mão
Conforta meu coração
Quero parar
as lágrimas do meu olhar
Preciso de um motivo
Preciso acreditar
Além da vida
há um paraíso
Além de meu imaginar...

Cadê?


Pensei que o dia fosse ser diferente.
Eu saí à noite,
pelas estradas alheias...
Mas nada mudou.
São sempre os mesmos homens,
as mesmas cabeças de pinico,
os mesmos idiotas contemporâneos.
Sabe, nenhum ser romântico,
alguém que saiba falar,
tratar uma mulher,
escrever poesia,
cortejar,
que entenda meu olhar!
Ai, cadê meu par?

Vou-me embora pra Terra do Sempre


Onde tudo não tem fim
Onde o nada se acaba
Onde ninguém envelhece
Onde morte não há

E seu caminho é assim
Como sonho que não desaba
Como um céu que só amanhece
Como vista além mar

É pra essa Terra que vou
Onde sempre o amor reinou
Onde é vívida a Natureza
Terra branca de real beleza.

Aquilo


Precisávamos de uma palavra apenas,
para traduzir aquilo que é intraduzível.
Alguns tinham medo de possuir aquilo,
outros tinham necessidade de ter aquilo,
outros simplesmente sonhavam em sentir aquilo.
Aquilo que era passado e virou presente.
Aquilo que preenche qualquer vazio deixado,
que alegra a face mais triste
e transforma a lágrima em sorriso.
Aquilo tem casa, tem dono, tem nome.
Aquilo está dentro, está fora, em todo lugar.
Aquilo é meu, é seu, é nosso, é dele, daquele.
Do jeito que vier para quem quiser.
Aquilo transforma, motiva, cura.
Aquilo mora no coração e faz o sangue pulsar.
Aquilo é vida, pois a vida sem aquilo é morte.
De sorte, aquilo existe!
Converte o frio em calor,
desafia o tempo e apazígua a dor.
Aquilo tem nome, e o nome é Amor.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Um homem sozinho


Foi-se o amor,
Ficou a dor
Sonhei com um homem sozinho
ele não era triste, mas estava
com lágrimas saltando dos olhos
mergulhado numa tristeza repentina
num vazio vespertino
e ele olhava aquele rio de mágoas
sem saber o que fazer
depois de lembrar que era tarde
pra voltar...
(ela nunca mais o perdoaria
por deixá-la perder-se na ventania)

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Numa estrada

Caminha alguém
sem rumo
sem saber aonde ir
olhando sempre além
sem medo de sorrir
sem medo de continuar
numa estrada
onde não há pedras
para tropeçar.

Caminha sozinho
levando consigo
sua própria sombra
deixando pra trás
suas pegadas
carregando o fardo
de uma longa jornada
feita pela sua grande obra
de uma vida sem vontade
para algo de verdade.

Numa estrada
caminha em frente
levando seus sonhos
com todo vigor
para um futuro
cheio de amor.

Numa estrada
assim ele vai
vai... vai...
sem vontade
de voltar atrás.

Volta logo!

Por que essa tristeza continua?
Ainda pouco me indaguei:
Para onde ir quando já o significado se perdeu?
Twittei, mas ninguém respondeu
Ecos de nada recebi pelo frio que não pedi
Pareço negativa demais?
Não é intenção,
a intensa lágrima é que adoece meu coração.
Os “ais”!
Confesso, chorei um mar
e suguei do céu a minha dor
Hoje faltam-me sentidos,
falta-me amor
Como queria já estar no Paraíso...
Hoje o coração do meu pulso parou de bater,
disisti de... querer viver
A tatuagem na pele se escondeu
por baixo de um rabicó
Padeci, a força saiu de mim
Senti-me Jó
Assim, fechei os olhos para não enxergar
Chega uma hora que canso de olhar...
essa falta de jus!
Então,
tentando encontrar nos sonhos razão, eu peço:
volta logo Jesus!